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Uma pesquisa feita pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM), da Universidade de Brasília (UnB) entrevistou duas mil pessoas em todo o Brasil investigando “o padrão de conduta ética dos servidores públicos”. Encomendada pela Presidência da República, a pesquisa apurou, entre outras coisas, que quase 80% dos entrevistados já deixaram de seguir a lei. Entre os servidores, pouco mais de 22% disseram ter deixado de segui-la. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 51% dos servidores se considera ético. Para a Condsef, essa pesquisa preocupa pelos números e não deve ter levado em conta apenas servidores públicos de carreira, ou seja, aqueles que passaram por concurso público. A entidade acredita que servidores de carreira não são a raiz do problema da corrupção e má gestão do dinheiro público.

Para a Confederação, o universo da pesquisa deve ter considerado também servidores terceirizados, comissionados e indicados políticos. Uma estimativa da Condsef aponta que hoje, no setor público, há dois terceirizados para cada servidor concursado. O número de cargos comissionados e indicações políticas também vêm aumentando de forma considerável. A sociedade deve estar alerta ao problema e cobrar do governo responsabilidade na gestão do dinheiro público.

Falta de investimento e má-gestão provocam problemas
No geral, a pesquisa preocupa. De acordo com ela, 58% acredita que o serviço público no país é amador ou semi-profissional. Representando 80% do total de servidores do Executivo Federal, a Condsef se volta em defesa da categoria. Para a entidade, a falta de investimento adequado e a má-gestão do dinheiro público são os fatores que fazem com que o dinheiro cobrado de impostos não seja revertido em serviços públicos de qualidade para a população.

A falta desses investimentos gera uma percepção errada e distorcida do trabalho executado pelos servidores. Muitos, inclusive, não dispõem de condições ideais de trabalho. A falta de pessoal também agrava o problema. Na maioria dos órgãos públicos, faltam servidores para dar conta de uma demanda que é cada vez maior. A Condsef acredita que os números desfavoráveis apontados pela pesquisa devem ser atribuídos como responsabilidade do governo.

Condsef defende controle
Desde o momento em que tomam posse do cargo, servidores públicos precisam seguir regras rígidas de conduta ética. Aqueles que cometem o mínimo deslize estão sujeitos a punição severa que inclui a exoneração do cargo. A Condsef defende essa punição e acredita que a avaliação de conduta de um servidor de carreira deve seguir critérios específicos. Mas a entidade também defende que esses servidores recebam reconhecimento da mesma forma em que são cobrados e severamente monitorados.

A expectativa é de que os números apontados pela pesquisa sofram análise mais minuciosa e apontem as raízes dos problemas no setor público. Para a Condsef está claro que o setor precisa de mais investimento. A entidade defende a abertura de mais concursos que atraiam cada vez mais servidores capacitados e qualificados para atender uma população que arca com uma das maiores cargas tributárias do planeta.

A partir do momento em que o dinheiro público for investido em benefício da população, em alguns anos essa pesquisa estará obsoleta. Caso contrário, infelizmente, esses números tendem a piorar. Cabe ao governo gerir com competência os recursos.

Fonte: Condsef