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Lula defenderá reajustes concedidos e novas contratações realizadas no setor público. Leia a matéria do Correio e confira abaixo o comentário do Sintsep-GO

O governo usará o funcionalismo público como arma para derrotar a oposição nas eleições presidenciais de 2010. A estratégia começou a ser traçada ontem (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da chamada coordenação política em reunião no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A ideia é defender os reajustes salariais concedidos aos servidores públicos, além das contratações realizadas nos últimos anos. E, assim, se contrapor à oposição, que acusa a gestão Lula de ter inchado de forma desnecessária a máquina pública.

“Queremos travar esse debate político com a oposição. Se a oposição acha que o Estado tem de ser menor, que defenda isso publicamente”, diz um dos ministros da coordenação política, formada, entre outros, por Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Franklin Martins (Comunicação Social) e José Múcio Monteiro (Relações Institucionais). “O problema do Brasil é que o Estado é pequeno e ineficiente apesar das medidas que adotamos”, acrescenta. O roteiro esboçado no CCBB prevê uma espécie de plebiscito.

A população será lembrada pelo governo da necessidade de escolher entre o “Estado mínimo” supostamente defendido por PSDB, DEM e PPS e a tentativa do governo atual de reestruturar a administração pública com novos funcionários e melhores vencimentos. “Vamos inaugurar 214 escolas técnicas e não contratar mais professores? Como vamos proteger as áreas de preservação ambiental se não fortalecermos os órgãos ambientais?”, pergunta o ministro, dando uma pitada do discurso a ser entoado na queda de braço política.

Economia
A estratégia eleitoral só começou a ser definida porque o presidente Lula determinou à equipe econômica a redução da meta de superávit primário neste ano, o que abre a perspectiva de uma economia de R$ 40 bilhões com o pagamento de juros da dívida. Mantido o cenário atual, parte do dinheiro será usado para pagar o reajuste do funcionalismo. O acerto da conta era incerto durante o primeiro trimestre deste ano, devido à queda de arrecadação provocada pela crise econômica.

Ontem, o ministro Paulo Bernardo apresentou aos colegas e ao presidente a prévia de um estudo que servirá de munição aos governistas. O texto diz que há espaço técnico para o crescimento da máquina. O Brasil, por exemplo, teria atualmente a melhor situação fiscal entre os países que formam o chamado G-20. Além disso, teria menos funcionários públicos do que seus colegas integrantes do mesmo grupo. “Realizamos concursos públicos em áreas cruciais, como saúde e educação. Fizemos isso recuperando a capacidade de investimento do Estado”, afirma o ministro.

O plano de obrigar a oposição a advogar um “Estado mínimo” se sustenta em dois precedentes ocorridos na disputa presidencial em 2006. Na época, Lula, então candidato à reeleição, provocou os tucanos a defenderem as privatizações e a necessidade de um corte expressivo nos gastos da União. Ciente de que tais temas eram impopulares, os oposicionistas fugiram do embate.

Fonte: Correio Braziliense (12/05/09)

COMENTÁRIO DO SINTSEP-GO:

Apesar de abordar o assunto de forma correta e verdadeira, o Correio Braziliense – infelizmente – cai no erro de levar um assunto tão importante como a revitalização do Estado brasileiro para o senso comum, utilizando para isso jargões pejorativos.

“O Servidor vira arma de Campanha”. Primeiro que, o servidor brasileiro não é nenhuma arma. É um trabalhador, que como outro qualquer, busca reconhecimento e oportunidades. No fundo, todo trabalhador quer ter seu valor reconhecido. Sente prazer em ser útil, quanto seu empregador demonstra – através de atitudes concretas – que seu trabalho é importante, e que sua presença faz, de fato, a diferença.

No entanto, um assunto de tamanha importância não deve ser “jargonizado”, atirado no lodaçal das picuinhas políticas – com o objetivo de confundir a cabeça dos servidores públicos, tornando-os massa de manobra daquele que melhor consegue adjetivar suas palavras.

A reportagem esclarece bem que o governo Lula impulssionou um processo de revitalização do Estado brasileiro e de seus trabalhadores – Estado que estava sendo dizimado pelo governo anterior. O Correio, no entanto, tenta reduzir o significado desta ação, como se este processo houvesse começado única e exclusivamente ontem, com a dita reunião. E o mais grave: como se a importância desta ação de governo devesse ser levada em conta apenas por parâmetros político-eleitoreiros.

Embora não seja o sindicato de um partido apenas, mas seja um sindicato de esquerda, o Sintsep-GO reconhece publicamente que partidos como PSDB, DEM e PPS (hoje a dita “oposição”) sempre defenderam o Estado Mínimo. Tanto que o ex-presidente Fernando Henrique seja, talvez, um dos maiores entreguistas de nossa história, por ter repassado às mãos da iniciativa privada empresas brasileiras que – hoje – demonstram não apenas sua viabilidade e sua competitividade, mas altos lucros em seus balancetes. Um processo repleto de irregularidades e benefícios escusos, um crime contra o patrimônio público brasileiro.

Infelizmente o atual governo não teve a coragem de levantar esta bandeira, apurar esses crimes, e devolver ao Brasil aquilo que lhe foi tirado indevidamente.

O Sintsep-GO não defende governos. Defende o Estado como patrimônio público dos brasileiros e, por conseguinte, o(a) seu(sua) servidor(a). Desta forma, dizemos ao Correio Braziliense que não se trata de ser ou não ser uma “arma” em período eleitoral – nem de ser usado, ou não, pelo governo.

Embora a realidade não nos favoreça em nossas reivindicações, e existam várias divergências com o governo (acordos não cumpridos, omissão na discussão de assuntos importantes, congelamento de benefícios, etc…), o Brasil não pode e não deve aceitar o retrocesso.

Certamente não atingimos ainda aquilo que nós queremos, o melhor modelo para o dito “desenvolvimento” brasileiro. Apostamos em um governo de esquerda, que se tornou “centro-esquerda” e que, talvez, caminhe até para “centro-centro”. Como entidade, o Sintsep-GO não concorda com os rumos que o PT e os demais partidos da coalizão governista têm dado ao Brasil. Entre outras coisas, não concordamos com os pilares neoliberais, os quais o governo insiste em manter para orientar a política econômica brasileira. Não concordamos com a não priorização das questões ambientais em um país que possui hoje – neste aspecto – talvez as maiores riquezas do globo terrestre.

No entanto, apesar de não concordar com vários aspectos do governo Lula, em torno de um ponto existe consenso: o retorno da Direita (leia-se PSDB, DEM e PPS) à presidência da República é algo que deve ser combatido por todos os trabalhadores brasileiros!

O fato de não estarmos satisfeitos com o atual governo, não significa optar por algo pior. Algo que todos nós já vivenciamos e que, seguramente, foi muito pior!

Portanto, mais uma vez, não somos armas em defesa de governo nenhum. Somos trabalhadores, e vamos defender o Brasil contra os entreguismos de qualquer natureza.

SINTSEP-GO