Fernando Ferreira Neves, integrante do Sindcoletivo.

Empresas se recusam a negociar com a categoria e, em vez de reposição salarial, oferecem precarização e corte de direitos como o fim da cesta natalina e parcelamento do 13º salário

Cerca de quatro mil trabalhadores do transporte coletivo da grande Goiânia deverão paralisar suas atividades a partir de zero hora desta segunda-feira, 9 de novembro. A decisão foi ratificada no último domingo (1/11) em assembleia do Sindcoletivo, sindicato que representa a categoria.

De acordo com Fernando Ferreira Neves, que faz parte da entidade, os trabalhadores do transporte coletivo de Goiânia estão sendo aviltados pelas empresas que integram o sistema. “Desde janeiro deste ano, estamos em tratativa de negociação para recomposição salarial. Todo mundo tem visto o quanto a inflação, apesar de baixa nos números do governo, está alta no bolso do trabalhador”, explica Fernando.

A proposta inicial da entidade que representa as empresas, o SET, foi de reajuste linear de 3% para os trabalhadores, no mês de fevereiro. A categoria não aceitou e iria fazer uma contraproposta, quando teve início a pandemia do coronavírus. “Nós decidimos esperar a pandemia passar, para retomar as negociações. Depois de muitas mortes e adoecimentos de companheiros nossos, retomamos as tratativas agora em outubro”, afirma o sindicalista.

Com o retorno das negociações, o SET não somente se recusou a manter a proposta inicial, de 3% linear, como apresentou outra proposta, de zero por cento de aumento, parcelamento do 13º e retirada da cesta natalina dos trabalhadores. “Uma proposta totalmente descabida, que naturalmente não foi aceita pela categoria e menos ainda pelo sindicato”, considera Fernando.

Além de reposição salarial, os trabalhadores exigem ainda melhores condições de trabalho. “Não é demais lembrar que nós somos uma categoria que nunca paramos. Mesmo com pandemia, com qualquer coisa acontecendo, sempre tem ônibus rodando, sempre tem transporte coletivo. Quem está por trás disso são pessoas, trabalhadores que estão arriscando suas vidas, suas famílias, para servir à população e à cidade. Exigimos dignidade, respeito com o nosso trabalho”, ressalta o sindicalista.

O Sintsep-GO, como um sindicato que defende a classe trabalhadora, apoia o movimento do Sindcoletivo e espera que as empresas representadas pelo SET negociem com esses trabalhadores, no campo do respeito e da dignidade que eles merecem.