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Atividades marcam dia de paralisação de servidores contra retrocessos que governo quer impor à categoria

Servidores federais promovem nesta quarta-feira, 23, um dia nacional de lutas com atos e paralisações de atividades em todo o Brasil. O objetivo é protestar contra os ajustes anunciados pelo governo na semana passada e que afetam diretamente a categoria. A imposição de arrocho apresentada aos servidores do Executivo, postergando reposição da inflação de 2016 somente a partir de agosto do próximo ano, e que deve “economizar” R$ 7 bilhões do orçamento, é apenas uma das fases perversas das medidas. A suspensão de concursos públicos e o fim do chamado abono de permanência que pode retirar mais de 100 mil servidores de atividade são outras medidas que os servidores buscam reverter com esse trabalho de pressão. Em Brasília a categoria promove, a partir das 9 horas, uma manifestação em frente ao Ministério da Fazenda, com café da manhã para os participantes.

Depois, a categoria segue em marcha até o Planejamento onde deve solicitar uma audiência com o ministro Nelson Barbosa e buscar reverter o recuo do governo trazendo a reposição da inflação (5,5%) de volta para 1º de janeiro de 2016 como já estava acordado. A tarde um grupo de representantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasef) seguirá para o Congresso Nacional. Lá a categoria deve fazer um trabalho de força tarefa dialogando com lideranças partidárias e parlamentares para convencê-los a não aprovar mais medidas punitivas para a classe trabalhadora. Um documento também foi elaborado pelo Fonasef para ser entregue aos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros (leia aqui a íntegra).

Até agora os esforços ligados ao ajuste fiscal penalizaram quase exclusivamente os trabalhadores. Para os representantes da categoria, há outras soluções que o governo pode lançar mão para promover os ajustes necessários sem sacrifício exclusivo daqueles que não provocaram essa crise. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta estudo que mostra que se o governo taxasse em 15%, via imposto de renda, os lucros e dividendos recebidos por acionistas de grandes empresas, o governo teria um aporte de R$ 43 bilhões/ano em seu orçamento. O estudo foi objetivo de matéria divulgada na Carta Maior e que pode ser lida na íntegra aqui. Há ainda opções como encaminhar proposta para taxação das grandes fortunas, rastrear e penalizar grandes sonegadores, promover a necessária e urgente auditoria da dívida pública brasileira, entre outras tantas possibilidades.

Repassando, mais uma vez, a conta de uma crise para a classe trabalhadora, o governo não só amplia um cenário de insatisfação já intenso como pode terminar adiando o fim das intempéries. Impor aumento de impostos, arrocho salarial e outras mazelas direcionadas aos trabalhadores e continuar garantido altos lucros a muito poucos nunca será boa receita para consolidar um país desenvolvido, economicamente forte e justo.

Sintsep-GO com Condsef