Em live para XP Investimentos, ministro da Economia diz ser mais favorável a congelamento do salário de servidores do que redução de até 25%. Mas, salários da maioria do Executivo já estão congelados há mais de 3 anos. Servidores defendem outros rumos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no último sábado, 28/3, em live para a XP Investimentos, não defender a ideia de corte de até 25% no salário de servidores para resolver crise provocada pelo novo coronavírus na economia brasileira. Mas deixou claro que o congelamento de salário é uma alternativa que considera. Guedes ponderou na live que até quatro anos de congelamento poderiam ser uma medida melhor. Acontece que a maioria dos servidores do Executivo está há mais de três anos sem qualquer reposição em seus salários. A Condsef/Fenadsef concorda que o corte de salários, tanto para servidores quanto para trabalhadores da iniciativa privada é uma péssima ideia, mas não vê no congelamento de salários que já estão rebaixados a solução para essa crise. Para a entidade, a revogação da EC 95/16, que congela investimentos públicos deve ser a prioridade.

O corte em salários pode piorar ainda mais a crise econômica uma vez que retirar poder de compra das pessoas num momento extremamente recessivo pode promover uma retração ainda maior na economia real, aquela onde circula o dinheiro do País. Essa é a economia essencial para a manutenção de empregos, para que pequenas e médias empresas sobrevivam no mercado e também para o próprio governo que conta com a arrecadação de impostos de todo esse segmento.

Confira trecho da live de Guedes para a XP Investimentos:

A Condsef/Fenadsef vem defendendo que no momento é mais que urgente promover a revogação da EC 95, do teto dos gastos, que congela investimentos públicos por 20 anos. A entidade não está sozinha na leitura. Na semana passada até a jornalista Miriam Leitão, comentarista econômica que sempre dá destaque a importância da austeridade e exalta o Estado mínimo, disse que há um novo consenso entre os economistas de que é preciso ampliar gastos públicos. Isso significa que investimentos no setor público são determinantes e fundamentais para que o Brasil atravesse essa crise. Outro que se rendeu a essa interpretação foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Para ele só um Estado forte será capaz de vencer a pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19).

Outras ações práticas
Além da revogação da EC 95/16, a Condsef/Fenadsef cita pelo menos outras quatro ações que o governo pode adotar sem que precise cortar ou congelar salários. A suspensão do pagamento da dívida pública que é também solução apontada por diversos outros especialistas. Mais de 40% do orçamento da União são destinados ao pagamento desses juros. São mais de R$2 bilhões por dia, isso para garantir lucro a um grupo muito seleto de investidores. São gastos maiores que os gastos que aqueles que o Estado tem com Previdência e serviço público para atender ao conjunto da população.

A taxação de grandes fortunas é outra saída. Essa ideia já existe há anos no Congresso Nacional, desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso e nunca tramitou no Congresso. Nos últimos anos, o número de bilionários no Brasil aumentou e, reflexo disso, nunca fomos tão desiguais socialmente. Só no ano passado os três maiores bancos privados do País tiveram um lucro de R$63 bilhões.

Os investimentos em políticas públicas, por fim, precisam acontecer. O Brasil tem mais de R$ 4 trilhões em caixa, mostra a Auditoria Cidadã da Dívida. A população brasileira já vem contribuindo ao longo dos anos com direitos perdidos, aumento de contribuições previdenciárias e perda de poder aquisitivo, além do alto índice de desemprego e informalidade que são um problema para a economia muito antes da crise trazida pelo novo coronavírus. Quando é que os grandes empresários, os bancos e bilionários do Brasil serão convidados a contribuir?

Fonte: Condsef/Fenadsef