Segundo pesquisa do Banco Mundial, 6 em cada 10 servidores federais assistiram situações de corrupção e 1 em cada 3 sofreu pressão inadequada

Banco mundial divulgou levantamento elaborado em maio deste ano que mostra números alarmantes de assédio e ameaças a servidores públicos federais. Segundo este estudo, que analisou mais de 20 mil servidores, em algum momento de sua carreira seis em cada dez funcionários do governo federal testemunharam situações de corrupção ou atos antiéticos.

A pesquisa aponta que a situação mais comum de corrupção presenciada por servidores é o uso do cargo para ajudar amigos e familiares. Entre as práticas irregulares relatadas também se incluem deixar de seguir as regras quando houver pressão do seu supervisor, obter benefícios profissionais em função de vínculos com políticos ou autoridades e priorizar interesses não legítimos nas estratégias e projetos da organização. Dentre os servidores que alegaram ter presenciado atos irregulares, um em cada cinco afirmaram ter observado colega aceitar dinheiro ou presentes em função do cargo que exerce.

Além de analisar os relatos de situações incorretas, o estudo também abordou os últimos três anos de trabalho dos servidores pesquisados e concluiu que retaliações acontecem com frequência a quem denuncia irregularidades. Dos denunciantes, um em cada quatro sofreram algum tipo de represália por ter registrado a denúncia.

No período dos últimos três anos especificamente, um terço dos servidores declararam ter testemunhado algum ato antiético. Neste período, os servidores declararam que as práticas irregulares mais observadas foram durante a formulação de políticas, projetos ou programas e em processos de compras e contratações de serviços ou obras. Durante este período, um em cada três servidores alegou sofrer algum tipo de pressão para cometer irregularidades, em sua maioria flexibilizar as regras e procedimentos da organização. Exercida principalmente pelos seus superiores, a pressão em alguns casos também veio por parte de colegas de trabalho. Mais da metade dos servidores alegaram que as práticas se mantiveram ou pioraram durante a pandemia de Covid-19.

Apesar de alegarem ter observado situações errôneas de conduta, apenas um terço dos servidores testemunhas de irregularidades fizeram denúncias entre 2018 e 2021. Metade dos funcionários abordados pela pesquisa alega que não se sentem seguros para denunciar, e a maioria diz que não existe proteção para o denunciante. Dos denunciantes, mais de 40% alega que não houve andamento no caso que denunciou e mais de 20% alega ter sofrido retaliações.

A proposta de emenda constitucional número 32, a PEC32 conhecida como Reforma Administrativa, prevê o fim da estabilidade de grande parte dos servidores públicos. Com sua aprovação, a situação de assédios e retaliações a servidores denunciantes de irregularidades tende a piorar, uma vez que sem a estabilidade o receio já existente em denunciar atos corruptos será também motivado pelo medo de perder seu emprego. Sem estabilidade não se combate corrupção. O serviço público depende de um ambiente estável e seguro para que o servidor cumpra suas atribuições de forma regular sem medo de denunciar ou sofrer pressão para praticar irregularidades.

Nota publicada originalmente no site do Fonasefe

Fonte: Fonasefe