Em Goiânia, mobilização tem início a partir das 7 horas, com carro de som e presença do Sintsep-GO em frente à entrada do Hospital das Clínicas. Impasses instalados na negociação dos acordos coletivos dos empregados da Ebserh com a direção da empresa levaram a categoria a aprovar greve por tempo indeterminado. O movimento é unificado e nacional

O Brasil mal atravessou o recente período de pandemia, no qual os profissionais da Saúde trabalharam à exaustão e foram até mesmo considerados heróis pela população e por parte da classe política, e esses mesmos profissionais novamente tem de ir à luta para que seus direitos sejam garantidos. Nesta quarta-feira, 21 de setembro, duas frentes se instalam na capital: profissionais da Enfermagem lutam pela manutenção do piso da categoria, às 7 horas, em frente ao Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), e os trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) iniciam movimento de greve, também às 7 horas, em frente ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).

As duas lutas são de âmbito nacional. Enquanto a primeira esbarra na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em suspender a Lei que instituiu o Piso da Enfermagem, atendendo a pedido de liminar feito pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), a segunda esbarra na contínua intransigência da Ebserh em negociar com os profissionais os acordos coletivos de trabalho sem retirada de direitos garantidos como, por exemplo, o pagamento do percentual de insalubridade sobre o vencimento do trabalhador, e não sobre o salário-mínimo – como quer a empresa.

“Operando com a divisão entre as categorias, administrativa e área-fim, a direção da Ebserh tenta dividir os trabalhadores. O sindicato, no entanto, defende reajuste digno para todos, sem retirar direitos já consolidados de grande parte dos profissionais de Saúde da empresa. Pelo contrário, queremos estender os mesmos direitos a todos”, argumenta Márcia Jorge, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Goiás (Sintsep-GO).

Vale ressaltar que o movimento de greve que se inicia nesta quarta-feira não está vinculado ao de 2021, cujo processo de dissídio está sendo mediato pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Isso também está sendo usado pela direção da empresa para assustar os trabalhadores, devido às liminares que foram obtidas num momento de pandemia. Isso só revela a gravidade da situação: nem na pandemia a empresa valorizou os trabalhadores, tanto que não se chegou a um denominador comum que não envolvesse retirada de direitos pela Ebserh, e isso nós não vamos aceitar”, assevera Márcia.

Cenário
São três anos e meio sem reajuste salarial em nenhuma das cláusulas econômicas, sem avanço no debate com a direção da empresa. O mais grave: no auge da pandemia a categoria sofreu ameaças de retirada de direitos. Com rotinas de trabalho extenuantes, no lugar de reconhecimento, os empregados receberam desprezo por parte da direção da empresa.

Em processo que corre no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que mais uma vez media o processo de negociações dos ACT´s da Ebserh, houve tentativa de negociar com a empresa 20% de reposição salarial com retroativo apenas a partir de janeiro desse ano, mantendo as demais cláusulas do atual ACT. Mas a empresa negou. A direção da Ebserh insiste na retirada de direitos, enquanto isso, as perdas salariais da categoria passam da casa dos 25%. A situação é grave, por isso agora é greve. Esse é o momento. Essa é a palavra certa.

A greve é um direito
É fundamental reforçar que a greve é um direito dos trabalhadores quando esta é a alternativa única capaz de assegurar a luta por direitos conquistados. Esse é o caso dos empregados e empregadas da Ebserh. Confira abaixo o comunicado conjunto das entidades que traz explicações importantes acerca da greve geral:

:: Confira a íntegra do Comunicado