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Não se podem combater problemas incitando e se criando outros. Em meio à desestabilidade que parece ter se instalado no cenário político, nossa Democracia e nossa Constituição Federal precisam ser preservadas e defendidas

Garantir um Estado democrático de direito ao Brasil não foi uma tarefa fácil. No caminho muitas vidas ficaram, sonhos não puderam ser construídos. Forjada em luta e esperança, nossa Democracia, ainda jovem, segue um trajeto que parece ter chegado agora em uma encruzilhada. Essa semana e nos últimos tempos, tem-se assistido a acontecimentos que estão dividindo o País. Está se cobrando legitimamente uma postura ética dos agentes políticos a quem a população confia seu voto para ser representada. Em meio a essa luta legítima é preciso ter atenção e cuidado as armadilhas que estão pelo caminho. Não se podem combater problemas incitando e se criando outros. Em meio à desestabilidade que parece ter se instalado no cenário político, nossa Democracia e nossa Constituição Federal precisam ser preservadas e defendidas.

Todos queremos avançar. Mas o que não podemos admitir é trilhar um caminho que não seja guiado pela democracia e pelo respeito aos princípios da dignidade humana. Viver em sociedade pressupõe concessões, pressupõe saber dividir e aceitar o contraditório. Viveremos juntos, não precisamos ser iguais. O que torna possível essa convivência sempre foi e será o respeito que deve ser transferido ao próximo e ao próximo até que este respeito também chegue a você. Em momentos de grande efervescência e emoções a flor da pele cabe a cada um o papel de digerir os acontecimentos com clareza de ideias. As ações oriundas de um raciocínio fundamentado na defesa de ideias possibilita o diálogo, algo de que estamos precisando nesse momento.

O Brasil precisa andar
Há também que se garantir o funcionamento adequado das instituições. O Congresso Nacional precisa começar a andar. Projetos importantes seguem parados. Desde que retomou a agenda deste ano legislativo há dificuldades em que propostas sejam debatidas, encaminhadas e votadas. Inclusive, em meio a tantos outros, os projetos oriundos de um árduo processo de negociações com o governo e que propiciou a consolidação de acordos, incluindo reajuste de 10,8% em dois anos para a maioria do Executivo, segue ainda até mesmo sem relatores nomeados. A população brasileira não pode ficar a mercê indefinidamente de uma crise política sem precedentes em sua história.

O oportunismo não pode dar lugar à responsabilidade de se conduzir o País a uma saída para a crise que se instalou. Isso, sem prejuízo aos direitos da classe trabalhadora que nada tem a ver com esse momento de caos e é, ao fim e ao cabo, a mais prejudicada com tudo. Impulsionar e aquecer a economia, assegurar que a oferta de empregos volte, pressionar pela redução de impostos e a da taxa de juros, garantir mais avanços importantes nas políticas públicas e no fortalecimento dos serviços prestados à população.

Se quisermos um Estado com maior respeito de nossos representantes, exijamos então deles que melhorem. Melhoremos também nós. A ruptura do conceito de democracia e a negação da política em uma sociedade que compreende a importância do coletivo não podem ser toleradas. Façamos a diferença cobrando reformas. A começar por uma reforma política que crie regras mais salutares ao processo da escolhe de representantes eleitos pela maioria. Há que se melhorar muita coisa, mas não vamos conseguir melhorar nada piorando tudo.

Sintsep-GO com Condsef