Contratação de temporários é avanço. Mas há críticas. Saúde mental dos trabalhadores da linha de frente preocupa. Ainda não há ações nessa direção, destaca representante dos empregados da Ebserh e diretor da Condsef/Fenadsef, Ricardo Abel

As respostas da Ebserh aos pleitos urgentes apresentados pelos empregados da empresa na semana passada chegaram, mas não contemplam as expectativas da categoria. Apesar da contratação de 6.381 cargos temporários ter sido recebida como avanço, as respostas evasivas da empresa não conseguiram amenizar a ansiedade dos empregados com a situação de emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus (Covid-19). Para os que atuam na linha de frente, faltam certezas quanto a chegada de equipamentos de segurança no trabalho (EPIs). Outro pleito considerado importante e não contemplado é a garantia de que os empregados possam indicar representante para participar dos comitês gestores de crise que foram criados. “Somos responsáveis pelo trabalho e não podemos participar? Temos que participar”, comenta Ricardo Abel, empregado da Ebserh e diretor da Secretaria de Empresas Públicas da Condsef/Fenadsef.

Para Abel, falta atenção do governo a questões sensíveis aos empregados. O cuidado com a saúde mental daqueles que estão atuando na linha de frente do combate ao vírus é uma preocupação e ainda não há ações por parte do governo nessa direção. Outro ponto criticado são os cortes de adicionais de insalubridade e outros benefícios daqueles empregados que estão em home-office. Se por um lado o governo garante elevar ao grau máximo os adicionais de insalubridade de quem está trabalhando, os demais casos devem ser avaliados. “Tenho certeza de que muitos trabalhadores que estão afastados nesse momento dariam tudo para estar na assistência, mas não podem estar lá”, destaca Abel. “Como a doença atingiu a transmissão comunitária todos os trabalhadores deveriam ter seus benefícios respeitados”, pontua.

Além dos adicionais de insalubridade, que já são um ponto de conflito entre empregados e empresa, a categoria solicitou antecipação do pagamento de 13o e vale alimentação aos empregados. Isso porque as escalas já começaram a aumentar e, naturalmente, muitos empregados ficarão mais tempo nos locais de trabalho e precisam deixar as famílias amparadas. A antecipação desses pagamentos auxiliaria na compra de alimentos.

Abel relata que os treinamentos vêm acontecendo. Na página da Ebserh há instruções explicando o uso dos kits de segurança e no e-mail institucional chega bastante informação. Muitos esperam que as medidas de isolamento social adotadas até o momento contribuam para amenizar os impactos na emergência. Mas com o número de casos ainda em curva crescente, as preocupações e dificuldades devem seguir aumentando. Por isso, os empregados da Ebserh e a Condsef/Fenadsef seguem defendendo e reforçando a importância de se respeitar o isolamento social. Já há casos de afastamento de profissionais e em breve pode haver uma demanda de sobrecarga.

Apesar das ações de isolamento a categoria enxerga com preocupação o avanço da pandemia e o possível colapso no sistema de saúde. “Um governo que acredita que é só uma gripezinha e defende isolamento vertical, apenas para grupos de risco, não parece estar preocupado com a saúde dos trabalhadores, em especial os que estão na linha de frente”, comenta Abel. Em dois hospitais particulares de referência, em São Paulo, Albert Einstein e Sírio Libanês, já são 450 profissionais afastados por problemas de contaminação. “Muitos profissionais estão com medo, assustados. É natural, pois nunca vimos e nem participamos de uma situação como essa. Mas precisamos contar com um suporte maior do governo. Isso é fundamental para dar segurança. Precisamos de ações efetivas para ajudar o trabalhador nesse momento”, concluiu.

:: Confira resposta da Ebserh aos pleitos urgentes dos empregados.

Com informações da Condsef/Fenadsef