Polícia Federal convocou vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco a depor em inquérito criminal que apura manifestação de protesto

A vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), professora Erika Suruagy, foi convocada a depor na Polícia Federal (PF) em inquérito criminal aberto para apurar manifestação de protesto, pacifica e democrática, realizada no fim do ano passado.

O inquérito aberto a pedido do presidente Jair Bolsonaro (ex-PLS) apura a colocação de outdoors com os dizeres “O senhor da morte chefiando o país. No Brasil, mais de 120 mil mortes por COVID-19″. #ForaBolsonaro, se referindo ao descaso do governo Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 268 mil brasileiros.

Os outdoors fora colocados pela Aduferpe e outras entidades da sociedade civil em algumas cidades do Estado de Pernambuco.

Por meio de nota, a direção da Aduferpe reagiu à intimidação: “Trata-se de um brutal ataque à mais elementar liberdade de expressão garantida constitucionalmente”.

“É uma tentativa de calar opiniões e intimidar o legítimo e livre exercício da atividade associativa”, diz trecho da nota.

A direção da entidade reforça a crítica feita no fim de 2020 e afirma que a cobrança por ações para conter a pandemia pode ser estendida a outras esferas de governo neste momento de agravamento da pandemia, onde faltam leitos, medicamentos e a vacina chega em pequenos lotes.

Para a direção da Aduferpe, as afirmações que constam nos outdoors revelaram-se “desgraçadamente justas: à época eram 120 mil mortes a lamentar, hoje já são quase 300 mil”.

A assessoria Jurídica da Aduferpe ressalta que está segura de que não há nenhuma base legal para que um processo como esse seja instaurado. “O fato de a professora Erika Suruagy ter sido convocada e de ter que prestar depoimento na Polícia Federal é de inteira responsabilidade de Jair Bolsonaro”.

Bolsonaro, diz a direção da entidade, “está claramente tentando intimidar sindicalistas, cientistas, professores, servidores públicos, artistas, intelectuais e cidadãos que discordam da política do governo. Não conseguirá!”

“A unidade do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, com suas organizações sindicais e populares, vai barrar essas intimidações e ameaças de Bolsonaro. A democracia e o livre direito de opinião serão defendidos por todos e todas”, conclui a nota da direção da Aduferpe.

Portal CUT com informações da assessoria da Aduferpe e da CUT-PE