A Central Única dos Trabalhadores (CUT), em nota emitida às entidades sindicais nesta sexta-feira, 13/3, recomendou a manutenção das greves e paralisações programadas para o dia 18 de março, mas sem a realização de atos públicos com aglomeração de pessoas, principalmente nos locais aonde tal atitude for desaconselhada pelas autoridades sanitárias.

Conforme o documento, “a Executiva Nacional da CUT vê com extrema preocupação o avanço da pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID-19) cujas consequências não podem ser subestimadas” e complementa dizendo que “a greve não contribui com a propagação do vírus e é uma forma importante de alertar a sociedade e os governantes para os ataques do governo que enfraquecem as políticas públicas”.

Para a Central, a luta do 18 de março é fundamental para que se garantam recursos “para a educação e por uma valorização efetiva dos serviços públicos, fundamentais na vida do povo” e que são necessários, inclusive, “para o enfrentamento de situações de emergência como a que hoje se coloca ao país”.

Redes sociais
A CUT destacou que as mobilizações nas redes sociais e junto aos veículos de comunicação locais devem ser intensos e estimulados denunciando “os ataques do governo à educação, aos serviços públicos, às estatais e exigir uma reação enérgica do Parlamento e do Executivo, nas três esferas, em defesa da saúde da população e da economia nacional”.

Quanto à proteção à saúde da classe trabalhadora, a CUT enfatiza que deve-se:

  • Exigir do governo e do Parlamento, nas três esferas, a adoção de planos eficazes de reforço ao SUS com a reposição dos recursos que vem sendo sistematicamente cortados da saúde e a suspensão imediata da Emenda Constitucional 95, que congelou o orçamento da União;
  • Cobrar e propor às empresas, entidades patronais e instituições públicas a constituição de comitês bipartites de crise para o acompanhamento, transparência e promoção de iniciativas visando reduzir a propagação da doença nos locais de trabalho tais como: (I) oferta de produtos de higiene e proteção individual; (II) conduta com relação aos trabalhadores/as mais vulneráveis à doença (idosos, diabéticos, cardíacos, etc.); (III) planos de contingência em locais de trabalho que venham a ser diretamente afetados por casos da doença; (IV) garantia de direitos e remuneração dos trabalhadores/as eventualmente afastados do local de trabalho por suspeita ou confirmação de contaminação pelo vírus;
  • Propor às empresas a vacinação de trabalhadores/as contra a gripe, de maneira antecipada, da maneira como vem sendo planejada a antecipação da campanha nacional de vacinação do SUS. Essa iniciativa é auxiliar na redução das possibilidades de confusão no diagnóstico do vírus e serve também a redução da demanda ao serviço público de saúde por outros vírus, como o da gripe.

“A disseminação do vírus no país, além da questão da saúde da população, traz consigo mais um forte ataque à economia nacional, já prejudicada pela política econômica contrária aos interesses do Brasil, chefiada por Bolsonaro e Paulo Guedes, que nos legou um crescimento de mísero 1,1% em 2019”, destaca o documento.

Neste sentido, a Central Única dos Trabalhadores propõe ainda ao governo e ao Parlamento um conjunto de ações em defesa dos trabalhadores e da economia nos seguintes eixos:

  • manutenção e estabilidade nos empregos e na renda aos trabalhadores/as, inclusive informais e por plataforma;
  • ampliação do acesso ao crédito público para garantir a liquidez necessária para as empresas, em particular as de pequeno e médio porte, honrarem seus compromissos – inclusive salários, na contramão do campanha governamental de desvalorização dos bancos públicos;
  • garantia de acesso a benefícios assistenciais e da Previdência Social, como os do INSS e o Bolsa Família os quais vêm sendo represados pela política econômica e pela incapacidade administrativa do governo;
  • apoio e estímulo à atividade econômica, à geração de empregos e de renda para os trabalhadores.

“É preciso ainda exigir do Congresso a suspensão imediata da análise dos projetos prejudiciais aos trabalhadores como a Medida Provisória 905 (Carteira Verde Amarela) e as PECs do Plano Mais Brasil, tanto pelo seu mérito restritivo em relação à capacidade de ação do Estado num momento de emergência de saúde pública, quanto pela limitação do debate público dada pelas restrições à circulação de pessoas no Parlamento. O momento é de dedicação à análise de medidas que reforcem o SUS e que vão ao encontro dos eixos que propomos em defesa dos trabalhadores/as e da economia”, finaliza a nota.

Sintsep-GO com CUT