O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Goiás (Sintsep-GO) prepara atos para combater a reforma administrativa que deve ser enviada ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro na próxima semana.

Segundo o presidente Ademar Rodrigues, há um fórum parlamentar misto em Brasília, composto por deputados e senadores, que estão auxiliando nas movimentações. Os sindicatos decidiram fazer duas manifestações em março, uma no dia 9 e outra, a maior delas, no dia 18. “Será um grande ato. Estão sendo chamadas paralisações e marchas”, explicou.

Em Goiás, o Sintsep já realizou uma plenária na Alego, na última sexta-feira (14) e definiu a estratégia. “Vamos realizar assembleias para definir paralisações, colocar vinhetas na mídia e dar publicidade ao tema. A ideia é parar o maior número de pessoas para chamar atenção”, pontuou. Rodrigues destacou ainda que os sindicatos seguem tentando angariar apoio de mais parlamentares no Congresso Nacional.

“Pá de cal”
Na avaliação do presidente do Sintsep-GO, a reforma administrativa seria uma pá de cal no funcionalismo público brasileiro. De acordo com Ademar Rodrigues, já há anos, desde o início das reformas, o Governo Federal vem tentando enxugar o Estado numa lógica privatista.

“Essa reforma administrativa avança numa conclusão de uma lógica de privatizar o máximo possível para pagar a dívida pública. É priorizar o capital em detrimento do povo brasileiro. A reforma administrativa é a pá de cal”, opinou.

Segundo Rodrigues, a garantia que o governo dá de não mexer nos direitos dos funcionários da ativa funciona como uma falácia, já que a maioria está aposentada ou próxima de parar.

“Temos hoje um quadro onde mais de 70% dos servidores já estão aposentados. O próprio governo admite que isso nos próximos cinco anos chega a 85%”, disse. Para você fazer uma gestão sem estabilidade dos trabalhadores, vai ser o que acontece nos municípios, quando 30% a 40% são mandados embora quando muda o prefeito. Há também a possibilidade de redução de salários”, acrescentou.

O presidente do Sintsep-GO admite a necessidade de alterações em algumas regras. Ele lembra, porém, que os privilégios pertencem à alta classe do funcionalismo público.

“Se você for olhar os salários do Poder Executivo, dá uma média bem menor do que falam aí. Eu queria discutir o salário, por exemplo, de senadores e deputados e as regalias que eles têm. Para quê um juiz ter um auxílio moradia? Esse dinheiro daria para a maioria dos brasileiros viverem. Antes de chegar na classe menor, tem que se passar pela elite. Mas quem vai ser afetado é a classe que recebe menos. Em alguns cargos, a gente deveria rediscutir”, ponderou.

Fonte: Diário de Goiás (16/2/2020)