Liquidação foi anunciada a estrangeiros em Dallas. Afirmação reforça ainda mais mobilização para Greve Geral de 14 de junho. Críticas ao governo estão longe de serem feitas só pela esquerda

Circula pelas redes sociais vídeo em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, aparece anunciando liquidação do patrimônio público brasileiro a investidores estadunidenses. A fala foi feita em Dallas, durante homenagem a Bolsonaro pela Câmara de Comércio Brasil–Estados Unidos. Na gravação, Guedes apresenta o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, como o bilionário brasileiro que privatizará “tudo o que puder”.

“Ele vai vender tudo que nós temos. Do palácio do presidente à casa que eu deveria morar e tudo que pudermos vender. Vamos tentar vender a Petrobrás, o Banco do Brasil, ou no mínimo fazer uma fusão. Tentar unir o Banco do Brasil com o Bank of America. Já fundimos Boeing e Embraer”, declarou Guedes em inglês. Apressado para executar o plano de entrega do patrimônio público a estrangeiros, o que empobrecerá o País, na semana passada o governo anunciou PDV em sete estatais, incluindo Petrobras, Correios, Infraero e Embrapa.

Desistente
A fala de Paulo Guedes se junta à uma série de declarações polêmicas que o governo tem protagonizado nas últimas semanas e que tem gerado desarticulações dentro da própria gestão. A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), por exemplo, tem dedicado tempo considerável em seu perfil do Twitter desde domingo, 19, para desmobilizar os atos chamados por apoiadores de Bolsonaro para esta semana, que pedem, entre outras coisas, o fechamento do Supremo Tribunal Federal.

“Essas manifestações não têm RACIONALIDADE. O Presidente foi eleito para GOVERNAR nas regras democráticas, nos termos da Constituição Federal. Propositalmente, ele está confundindo discussões democráticas com toma-lá-dá-cá”, tuitou. “Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita.”

O Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, ressalta o despreparo desta gestão, que não tem plano de desenvolvimento para o País. “Eles estão provando do próprio veneno. Este governo está uma bagunça, eles mesmos já perderam a esperança. Mas nossa resistência está bem articulada e fortalecida. Estaremos juntos nas ruas novamente no 30 de maio, em apoio aos professores e às universidades, e no 14 de junho, data da Greve Geral contra todos esses desmontes de Bolsonaro.

Até tu?
As críticas às decisões do governo estão longe de serem proferidas apenas por representantes da esquerda e da oposição. Nesta segunda-feira, 20, durante o seminário conjunto “Mães de Crianças com Microcefalia: Entendendo os Desafios e Superando o Preconceito”, realizado na Câmara com presença da primeira-dama, Michele Bolsonaro, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, iniciou seu discurso pedindo desculpas por ter que sair às pressas.

“Eu vou pedir desculpas porque o ministro Onyx me ligou agora, às 9 horas da manhã, me disse que está tendo uma reunião para discutir nosso orçamento lá. Vocês vão compreender. O Planejamento corta tudo, né? Tem mãos de tesoura, então eu tenho que segurar lá a volúpia do Planejamento”, comentou com os braços levantados e cara de quem não pode fazer muita coisa. Antes de sair, parabenizou Michele por assumir a liderança das políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. “Ela começa influenciando o presidente, que é muito influenciado”, disse.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também criticou as atitudes de Bolsonaro pelo Twitter. “Vale ler a entrevista do pres. Sarney. Ele alerta sem alarmismo sobre os riscos que corremos. O atual Pr deve aprender que o país precisa de coesão e rumos. Aununciar o caos pelas redes sociais  recae  na própria cabeça. O povo quer paz, emprego e compostura, sem impeachments”. FHC se referiu à mensagem enviada no fim de semana pelo presidente Bolsonaro, referindo-se ao Brasil como um país ingovernável.

Na entrevista de Sarney, publicada pelo Correio Braziliense no último domingo, 19, e citada por FHC, o ex-presidente comenta que o Brasil está atrasado para enfrentar uma crise mundial. “Era o momento de nós termos um presidente que tivesse uma visão de todas essas modificações que vive o mundo, para poder enfrentá-las. Ele [Bolsonaro] está colocando todas as cartas na ameaça do caos”, criticou.

Bola fora na Fake News
Para tentar aumentar sua popularidade, Bolsonaro se utilizou da arma que mais domina: o disparo de fake news. No domingo, um dos assuntos mais comentados nas redes socais foi a hashtag #BoldonaroNossoPresidente, escrito e disparado por robôs que não perceberam a grafia equivocada. Quando apoiadores do presidente alertaram, tiveram como resposta os padrões robotizados: foram xingados de petistas. Cada dia que passa, Bolsonaro cava seu próprio túmulo e se afunda mais, provando aquilo que já era esperado desde sua campanha eleitoral. Não há projeto para o País. Greve Geral já!

Fonte: Condsef/Fenadsef