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� prov�vel que trabalhadores que atuam na revista Veja n�o dependam de servi�os p�blicos no seu dia-a-dia. � poss�vel que nenhum de seus familiares tenha tido necessidade de enfrentar as dificuldades de quem depende com freq��ncia de algum tipo de servi�o p�blico. Tamb�m � muito prov�vel que nenhum seja servidor concursado do Executivo Federal e tenha que trabalhar diariamente enfrentando a falta de infra-estrutura para desempenhar suas fun��es encarando ainda problemas financeiros freq�entes em fun��o da defasagem que seu sal�rio experimentou em anos anteriores. O levantamento dessas hip�teses vem de not�cia veiculada pela revista Veja esta semana que cita a paralisa��o de servidores do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE). Mostrando desconhecer completamente a realidade vivida pela maioria dos servidores do Executivo, a Veja destila uma s�rie de cr�ticas infundadas. N�o s� a revista, como grande parte da chama �grande m�dia� costuma divulgar informa��es tendenciosas, omitindo fatos e acaba dando for�a �s tentativas do Governo de criminalizar processos de mobiliza��o conduzidos por trabalhadores do setor p�blico.

Na not�cia, a Veja fala sobre decis�o do Superior Tribunal de Justi�a (STJ) que determinou que os servidores mobilizados n�o sofram corte de ponto por parte do Governo at� que uma decis�o final sobre o movimento seja tomada. Na mat�ria a revista resgata depoimento do presidente Lula que comparou greve a f�rias e usa tom ir�nico quando afirma ser f�cil para os servidores �cruzarem os bra�os� quando continuam recebendo seus sal�rios. Para refor�ar suas insinua��es, a Veja publicou declara��o de uma procuradora-geral da Uni�o que diz que �receber pagamento para n�o trabalhar �, em portugu�s claro, uma forma de enriquecimento il�cito�.

As graves acusa��es foram recebidas com revolta pelos trabalhadores que lutam pelo atendimento de suas demandas frustradas por um processo de negocia��o infrut�fero. Sem direito a negocia��o coletiva, o servidor p�blico vive uma desfavor�vel rela��o com o Governo que encaminha e atende as reivindica��es dos trabalhadores no momento que quer e da forma que quer. Resta aos trabalhadores o instrumento leg�timo da paralisa��o de atividades, da mobiliza��o e press�o para buscar o atendimento de suas justas reivindica��es. Direito que o Governo, auxiliado pela �grande m�dia,� tenta tirar dos servidores.

A Condsef, o Sintsep-GO e suas demais filiadas repudiam as tentativas de criminalizar o servidor p�blico em prol do fortalecimento de uma pol�tica de Estado m�nimo. Os servidores do MTE, representados em mesas de negocia��o pela Condsef e suas filiadas, exigem direito de resposta da revista Veja. Al�m de tendenciosa, a mat�ria ainda se faz passar por imparcial j� que uma linha, do texto de uma p�gina inteira, � dada para curto depoimento de um representante dos trabalhadores, o secret�rio-geral do Sindsep-DF, uma das filiadas a Condsef.

Absurda e ofensiva aos servidores, a mat�ria � o retrato do que sofre com freq��ncia a categoria. � bom notar. Noticias sobre paralisa��o de servidores apenas ganham espa�o na imprensa quando �prejudicam� a sociedade. Sua abordagem faz parecer que o servidor quase sempre � um sujeito que ganha bem e mesmo assim submete a popula��o a problemas quando decide reivindicar, desnecessariamente, reajuste em seus sal�rios.

Dessa forma, not�cia ap�s not�cia, foi se criando no imagin�rio de quem paga impostos a imagem do servidor maraj�. Esta vis�o generalizada do trabalhador p�blico, no entanto, est� longe da realidade da administra��o p�blica. A grande maioria percebe sal�rios abaixo da m�dia paga a iniciativa privada, ao contr�rio do que afirma a mat�ria da revista Veja. Enfrenta ainda o absurdo abismo salarial que existe no setor p�blico. Categorias que desempenham fun��es semelhantes, mas est�o separadas por uma diferen�a salarial enorme.

RH e Negocia��o Coletiva
Apesar de tentar criminalizar os movimentos de mobiliza��o dos servidores, o Governo n�o foi capaz de criar uma pol�tica eficaz de Recursos Humanos que resolva esses problemas estruturais hist�ricos que prejudicam o atendimento p�blico. Outro direito negado ao servidor � o da negocia��o coletiva. Isto coloca os trabalhadores a merc� dos interesses pol�ticos dos Governos de plant�o. O problema nunca foi abordado pela imprensa em larga escala nem com a profundidade necess�ria.

Condsef e Sintsep-GO n�o v�o permitir que o leg�timo direito dos trabalhadores de se organizar e defender seus direitos seja agredido gratuitamente dessa forma. Divulgar fatos isolados que contribuem apenas para gerar na sociedade sentimento de rep�dio ao trabalhador que a atende tem algo de perverso. Fazer crer ainda que a decis�o do STJ foi tomada em defesa de quem n�o merece � outro absurdo.

Not�cias tendenciosas como essa s�o a prova de que grande parte da imprensa brasileira est� a servi�o de uma minoria, interessada em reduzir a p� o Estado Brasileiro. Os trabalhadores, mantendo sua dignidade e a certeza de estar exercendo um direito leg�timo, v�o continuar lutando.

Lutando para que cada vez menos ganhe espa�o na sociedade pensamentos que levam a crer que servidores �fazem parte de uma privilegiada casta de trabalhadores�. Lutando para que cada vez mais o cidad�o entenda que movimentos como o conduzido neste momento pelos servidores do MTE podem prejudicar momentaneamente alguns, mas servem para evitar que as mazelas do servi�o p�bico se estendam e piorem, provocando um caos ainda maior da administra��o p�blica. Caos este que a revista Veja comprova n�o conhecer. Caos que s� conhecem aqueles que realmente precisam e dependem de servi�os p�bicos, ou seja, a maioria da popula��o brasileira.

Leia abaixo a mat�ria publicada pela Veja e provocou revolta entre os servidores do MTE:

GREVE OU F�RIAS?

A justi�a determina que servidores parados h� tr�s meses continuem recebendo sal�rio e transforma o direito a greve num excelente neg�cio.

Tudo come�ou com um arbusto. Abundante nas margens do Sena, em Paris, ele era chamado de gr�ve pelos franceses. Em seguida, o vegetal deu nome a uma pra�a, a Place de Gr�ve, onde trabalhadores desempregados passavam os dias em busca de bico. Da� at� assumir seu atual significado, que � cruzar os bra�os propositalmente como protesto trabalhista, foi um pulo.

Mas a greve � ainda mais antiga. A primeira aconteceu no reinado do fara� Rams�s III, que governou o Egito no s�culo XII a.C. Sem receberem por dois meses, os oper�rios que constru�am sua tumba pararam durante tr�s dias. As greves eram reprimidas com demiss�es, pris�es e at� espancamentos. O direito � greve surgiu no mundo em 1917 e s� chega ao Brasil 23 anos depois. Ainda assim, fazer greve, dependendo da ocasi�o e da circunst�ncia, � uma decis�o que envolve determinados riscos. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justi�a (STJ) proibiu o governo de cortar os dias parados de 6000 grevistas do Minist�rio do Trabalho. Parados h� tr�s meses, eles continuar�o recebendo seus sal�rios integralmente.

A greve dos servidores, que est�o de bra�os cruzados desde abril passado, j� compromete servi�os essenciais como a emiss�o de carteiras do trabalho, o seguro desemprego e o fundo de garantia. A justi�a ainda n�o avaliou a legalidade do movimento nem tem previs�o de quando isso dever� ocorrer. Logo depois dos primeiros dias de paralisa��o, o governo considerou o movimento abusivo e decidiu descontar os dias parados. Os grevistas reclamaram � justi�a. O ministro Hamilton Cavalhido, relator do caso, avaliou que descontar os dias parados � o mesmo que �suprimir o sustento do servidor e de sua fam�lia�.

O ministro Luis In�cio Adams, advogado-geral da Uni�o, considera o movimento ilegal. Ele contestar� a decis�o que obriga o governo a pagar os sal�rios no Supremo Tribunal federal, a mais alta corte brasileira. �Receber pagamento para n�o trabalhar �, em portugu�s claro, uma forma de enriquecimento il�cito�, afirma a procuradora-geral da Uni�o, H�lia Bettero. A postura de enfrentamento com os grevistas do servi�o p�blico � nova e reflete uma preocupa��o eleitoral do governo. Em maio, durante reuni�o ministerial, o presidente Lula endureceu com os servidores federais. Ele disse aos auxiliares que ministro de estado n�o � sindicalista e que nenhum ministro pode ficar ao lado dos servidores em greve. Mais recentemente, Lula dirigiu novas farpas aos grevistas. �Greve � guerra, n�o f�rias. Eu tinha coragem de entrar na greve e tinha coragem de terminar a greve�.

Os grevistas do Minist�rio do Trabalho afirmam que s� descruzar�o os bra�os quando suas reivindica��es forem atendidas. Eis a� outro problema ruinoso do movimento. Em primeiro lugar, eles fazem parte de uma privilegiada casta de trabalhadores. Durante os quase oito anos de governo Lula, quando os trabalhadores da iniciativa privada tiveram aumento de 9% acima da infla��o, os servidores de Bras�lia embolsaram 75% de reajuste. Eles tamb�m ganham, em m�dia, 30% a mais que os empregados de empresas privadas.

Al�m disso, os grevistas acabam de receber um novo aumento, ao custo de 40 bilh�es de reais aos cofres p�blicos, que ser� pago de maneira escalonada at� 2011. Ou seja, embora ainda nem tenham recebido o �ltimo aumento, eles j� est�o em greve de olho no pr�ximo. �O governo se comprometeu a elaborar um plano de carreira espec�fico e n�o fez nada at� agora�, diz Oton Pereira, secret�rio-geral do Sindicato dos Servidores P�blicos federais. Com o sal�rio garantido, fica mais f�cil ir � guerra.

Fonte: Sintsep-GO com Condsef