Servidores reagem a reportagem do Globo Rural que traz relato da pecuarista Nair Brizola. Ela recebeu multa porque teria destruído 70,93 hectares de floresta do bioma amazônico e acusa instituto de atear fogo que atinge Amazônia

Reportagem publicada nesse domingo pelo Globo Rural e que provocou reações de membros da alta cúpula do governo, incluindo os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Sérgio Moro (Justiça), trouxe indignação a servidores da Área Ambiental. Na reportagem, a pecuarista Nair Brizola surge acusando o ICMBio de ser responsável pelas queimadas que há dias tem atingido com preocupação a Amazônia, chamando a atenção do mundo para a grave situação na região. A crise só aumenta o clima de tensão que vem sendo gerado dentro da Área Ambiental desde antes de Jair Bolsonaro ser eleito presidente da República.
 
Ainda em 2018, Bolsonaro deu declarações durante campanha eleitoral que deixavam claras as suas opiniões a respeito do Ibama e sobre preservação ambiental. Chegou a chamar servidores da categoria de “xiitas” e classificou o Ibama como uma “indústria de multas”. Matéria publicada pela associação “O Eco” aponta que a pecuarista que traz a denúncia contra servidores teria recebido multa esse mês por ter sido responsável pela destruição de 70,93 hectares de floresta do bioma amazônico. 

Desde o início do ano, servidores vêm relatando um clima hostil e uma relação tensa com representantes do governo. O ministro da pasta, Ricardo Salles, que é inclusive acusado de ter cometido crime ambiental, protagonizou por algumas vezes situações constrangendo servidores. Em uma delas, chegou a ameaçar servidores do ICMBio na presença de ruralistas. Recentemente, servidores do instituto denunciaram que cúpula do órgão teria cogitado impedir assembleia da categoria e estava monitorando servidores.

Repúdio
A Condsef/Fenadsef, que representa com suas entidades filiadas, os servidores da Área Ambiental, repudia esse cenário de crise e exige apuração rigorosa dos fatos para que sejam identificados os verdadeiros responsáveis pelos incêndios na Amazônia. Servidores também querem rigor nessa investigação já que o próprio governo está colocando em dúvida a postura do quadro funcional do ICMBio. “Queremos investigação sim, queremos punição sim aos criminosos que organizaram e cometeram o crime, mas também queremos respeito”, defendeu Vera Élen Nascimento, servidora do instituto. “Os servidores da Área Ambiental sempre cuidaram da Amazônia e se hoje não estão presentes com todo potencial na fiscalização e cumprindo diversas ações há também responsabilidade da gestão que não atua”, acrescentou.

“Dia do fogo”
O governo foi alertado pelo Ministério Público da intenção e movimentação em torno do “dia do fogo”. É o que apontou ofício enviado à Gerência Executiva do Ibama em Santarém (PA), divulgado na mesma reportagem publicada pelo Globo Rural. Como também registrado na matéria, o Ibama alegou ausência do apoio da Polícia Militar do Pará que prejudicaram ações de fiscalização. 

Para a Condsef/Fenadsef preocupa muito que o governo lance dúvidas sobre os servidores concursados que não estão a serviço de nenhum governo e sim respondem aos interesses da população brasileira. É grave e inaceitável. A entidade destaca que muitos desses servidores já atuam em situação de risco por estarem indo de encontro a interesses de grupos que praticam crimes ambientais. São esses servidores que ainda têm sido expostos a situações de ataques vindas do próprio governo o que vem gerando relatos de perseguições, assédio moral e outros riscos que não se pode admitir.

Condsef/Fenadsef com reportagens